A arte da biografia:  Como escrever histórias de vida
Armazém da Cultura

A arte da biografia: Como escrever histórias de vida

Preço normal R$ 2.800,00 R$ 0,00

Até o dia 19/09 valor promocional
15% de desconto

 

Início: 29 de Setembro a 03 de Dezembro de 2025
Às segundas e quartas-feiras 19h às 21h no Armazém da Cultura


Apresentação 

O curso terá 40 (quarenta) horas, com duas aulas semanais, e vai explorar o gênero biográfico a partir de uma abordagem prática e teórica. Por meio da análise de textos do autor e de outros biógrafos, os alunos aprenderão a identificar e aplicar as principais ferramentas e conceitos do ofício. O foco estará na compreensão da biografia não como um simples relato cronológico, mas como um empreendimento ético e estético. O objetivo proposto é decifrar a complexidade do indivíduo e do contexto histórico no qual ele está inserido. A cada aula será sugerido um exercício específico com base nos conteúdos apresentados. Serão fornecidos textos de apoio, a serem lidos previamente, para melhor aprofundamento das questões discutidas. Ao final, cada aluno deverá escrever e apresentar um perfil biográfico, com extensão média de 20 mil caracteres, aplicando as técnicas detalhadas durante o curso. A depender da qualidade dos trabalhos apresentados, é possível considerar a publicação de uma brochura ou de um e-book com uma seleção dos melhores textos.

Módulo 1: Fundamentos e pesquisa

Aula 1: A biografia como arte e gênero literário
Conteúdo: A biografia é uma arte ou uma artesania? Discussão a respeito da relação entre biografia e ficção, bem como sobre a limitação do biógrafo aos fatos. A biografia como um gênero de fronteira entre literatura, história e jornalismo. Mesmo com restrições próprias, o biógrafo, segundo Virginia Wolf, pode oferecer o “fato criativo” produzindo o conhecimento e estimulando a imaginação do leitor.

Bibliografia de apoio: Virginia Woolf, “A arte da biografia”.

Exercício: Escolha um personagem para o seu perfil. Em um texto de até 600 caracteres, explique a escolha e o seu fascínio pela história de vida dele.

 

Aula 2: As múltiplas faces da verdade
Conteúdo: Análise do biógrafo como um artesão capaz de reunir o máximo de conhecimento sobre o personagem para se aproximar de uma “verdade viva”. Será discutida a impossibilidade de conhecer o biografado por completo e como, a partir de testemunhos diferentes e até contraditórios, o biógrafo constrói uma “face compósita”.

Bibliografia de Apoio: Jean Orieux, “A arte do biógrafo”.

Exercício: A partir das primeiras pesquisas, identifique uma contradição ou uma ambiguidade sobre seu personagem. Escreva um texto reflexivo de até 500 caracteres sobre como você planeja abordar essa questão.


Aula 3: Por onde começar: roteiro, fichamento e perguntas norteadoras
Conteúdo: Abordagem prática para o início da pesquisa, com ênfase na revisão bibliográfica e na formulação de perguntas norteadoras. O aluno deve aprender a organizar uma cronologia e a hierarquizar as fontes. O fichamento é apresentado como uma ferramenta fundamental para registrar dados de forma precisa e evitar retrabalho.

Bibliografia de apoio: Lira Neto, “Por onde começar a pesquisa”, in: A arte da biografia.

Exercício: Liste três a cinco perguntas norteadoras sobre seu personagem. Elabore uma lista de cinco a dez fontes para consulta.


Aula 4: A busca pela “figura debaixo do tapete”
Conteúdo: A pesquisa em arquivos como uma “aventura” além da mera coleta de fatos. O biógrafo deve agir como um misto de detetive, antropólogo e arqueólogo, interpretando indícios e buscando o que Leon Edel chama de “figura debaixo do tapete” — o mito interior do indivíduo.

Bibliografia de apoio: Leon Edel, “A figura debaixo do tapete”. Lira Neto, “Senso de detetive, olhar de antropólogo, espírito de arqueólogo”, in: A arte ada biografia

Exercício: A partir de suas fontes iniciais, identifique um comportamento, um gesto ou uma citação do seu personagem, para revelar uma contradição com sua imagem pública. Escreva um parágrafo reflexivo de até 600 caracteres analisando essa evidência.


Aula 5: Lidando com as lacunas documentais
Conteúdo: A biografia é um “amálgama impossível: meio arco-íris, meio pedra”, segundo Kendall. O biógrafo precisa ser um “escavador e sonhador” para lidar com a falta de informações, sem especular ou inventar. A aula abordará a importância da honestidade intelectual ao reconhecer as lacunas e a necessidade de usar o contexto para preenchê-las, sem perder o “contato com a realidade”.

Bibliografia de apoio: Paul Murray Kendall, “Andando nas fronteiras”.

Exercício: Identifique uma lacuna na história de seu personagem (um período sem registros, um acontecimento inexplicado) e descreva como você usaria o contexto histórico ou outras fontes para abordá-la de forma honesta em seu perfil biográfico.


Aula 6: A aliança com o personagem
Conteúdo: Análise de como os documentos íntimos — diários, cartas, autobiografias — permitem conferir “vivacidade e sabor cotidiano” à narrativa. Será discutida a “longa intimidade” e a “aliança póstuma” estabelecida entre biógrafo e biografado, levando o autor a conhecer o personagem melhor do que seus próprios contemporâneos.

Bibliografia de Apoio: Jean Orieux, “A arte do biógrafo”.

Exercício: Encontre um documento (carta, diário, memorando) revelador de um aspecto íntimo do seu personagem. Escreva um parágrafo reflexivo utilizando uma citação real desse documento para ilustrar um momento ou uma emoção na vida do biografado.


Aula 7: O passado como “um país estrangeiro”
Conteúdo: Discussão sobre a crítica das fontes e a natureza da memória. A aula abordará como o passado, mesmo parecendo fixo, é constantemente reconstruído e reinterpretado. A biografia, portanto, não pode ser uma reconstituição direta dos fatos, mas sempre uma “reconstrução” deles.

Bibliografia de Apoio: David Lowenthal, “Como conhecemos o passado”.

Exercício: Redija um parágrafo crítico sobre uma fonte ou um evento na vida de seu personagem distorcido pela memória de uma testemunha ou pela história oficial.


Aula 8: Entrevistas e a fragilidade da lembrança
Conteúdo: A entrevista é uma fonte crucial, mas a memória é “seletiva e maleável”. A aula ensinará a preparar um roteiro, a conduzir a conversa com empatia e a gerenciar os “silêncios e hesitações” do entrevistado. O biógrafo deve ouvir as variantes da história para depois, confrontando-as com as demais fontes, estabelecer criticamente qual delas parece mais verossímil.

Bibliografia de Apoio: Lira Neto, “Por onde começar a pesquisa”, in: A arte da biografia

Exercício: Crie um roteiro de entrevista com perguntas-chave para uma pessoa que conheceu o seu personagem. Faça uma entrevista simulada (ou real, se possível) e escreva um parágrafo sobre as dificuldades de se obter informações por meio da memória.

 


 

Módulo 2: A escrita e a ética do biógrafo

Aula 9: Simplicidade e clareza
Conteúdo: O excesso é um problema comum na escrita, com palavras desnecessárias, construções circulares, lugares comuns e jargões sem sentido. A síntese e a clareza de pensamento levam a um texto acessível e informativo.

Bibliografia de apoio: William Zinsser, “Simplicidade”.

Exercício: Revise um trecho de um texto que você escreveu anteriormente. Analise cada frase e retire todas as palavras e construções consideradas excessivas. Em seguida, compare a versão original e a revisada, refletindo sobre como a simplicidade melhorou o texto.


Aula 10: A construção da narrativa
Conteúdo: Transição da pesquisa para a escrita, com foco na estrutura e no ritmo. A biografia, como uma tragédia clássica, tem um final conhecido, mas a “lenta marcha do drama” até o desfecho cria a emoção. A biografia deve ser escrita com uma ordem cronológica, sem adiantar o final. O biógrafo deve “fingir ignorância do que se sabe perfeitamente”.

Bibliografia de apoio: Lira Neto, “O leitor não pode cochilar” e “A narrativa é um cavalo — e o narrador tem as rédeas”, in: A arte da biografia.

Exercício: Escreva o primeiro rascunho do trecho inicial do seu perfil biográfico, utilizando uma cena de impacto para prender a atenção do leitor.


Aula 11: Biografia, história e estilo
Conteúdo: A biografia é como um “estudo nitidamente definido”. Ela preenche a tela com uma figura central, na qual outros personagens são subsidiários. A aula abordará a importância do estilo e da linguagem na biografia para humanizar o relato histórico.

Bibliografia de Apoio: Stephen B. Oates, “Biografia como alta aventura”. Lira Neto, “A narrativa é um cavalo —  e o narrador tem as rédeas.

Exercício: Revise o texto escrito na aula anterior. Agora, redija uma breve nota explicando qual a voz narrativa escolhida para seu perfil biográfico em execução.


Aula 12: O “efeito de real” e a força dos detalhes
Conteúdo: O biógrafo precisa ter a “capacidade de dar forma à essência de suas descobertas” e “ressuscitar o biografado”. A aula se aprofundará na importância dos detalhes para criar o chamado “efeito de real”, como a descrição de gestos, a aparência física ou o tom de voz.

Bibliografia de apoio: André Maurois, “Biografia como obra de arte”.

Exercício: Escreva uma cena de seu perfil, incluindo uma descrição detalhada de um ambiente ou de um personagem. Foque em utilizar a voz narrativa escolhida, e inclua detalhes geradores de um “efeito de real”.


Aula 13: A leitura ativa e a imaginação do leitor
Conteúdo: O biógrafo deve ser um “contador de histórias que pode não inventar seus fatos, mas imaginar sua forma”, sempre com base na documentação. O autor, ao escrever, precisa ter o “talento para a invisibilidade”. Isso permite ao leitor se concentrar no biografado e não no biógrafo. A aula discute como envolver o leitor para ele se tornar um “participante ativo” na narrativa.

Bibliografia de apoio: Leon Edel, “A figura debaixo do tapete”; Stephen B. Oates, “Biografia como alta aventura”.

Exercício: Escreva mais uma passagem de seu perfil. Atente para a necessidade de criar um forte “efeito de real” no leitor, utilizando o máximo de detalhes sensoriais e descritivos para evocar a atmosfera de um momento na vida do personagem.


Aula 14: Biografia, ética e julgamento moral
Conteúdo: A biografia é um gênero “transgressivo”. A aula abordará a importância de expor os “pontos mais embaraçosos de uma existência” e os desafios éticos de se escrever sobre pessoas públicas. A discussão incluirá os dilemas da biografia autorizada, do voyeurismo e da responsabilidade do biógrafo para não se tornar um mero bisbilhoteiro.

Bibliografia de apoio: Lira Neto, “Quais os limites éticos do biógrafo?”, in: A arte da biografia.

Exercício: Redija um parágrafo reflexivo sobre os desafios éticos enfrentados ou previstos ao escrever sobre seu personagem. Aborde questões como privacidade, sensibilidade do tema ou a ausência de informações.


Aula 15: O biógrafo e a incompletude
Conteúdo: Continuação da discussão sobre a responsabilidade do biógrafo. A aula se aprofundará sobre a ideia de o biógrafo ter acesso a todos os fatos disponíveis sobre o biografado, mesmo os “embaraçosos”. Ele deve saber detectar falsidades e convenções obsoletas, ampliando o escopo da narrativa.

Bibliografia de apoio: Virginia Woolf, “A arte da biografia”. Janet Malcolm, “A mulher calada”.

Exercício: Selecione um “fato embaraçoso” ou controverso na vida de seu personagem. Escreva um parágrafo sobre como você o abordaria no perfil, mantendo a responsabilidade e o respeito ao tema.


Aula 16: O encerramento da pesquisa
Conteúdo: A aula abordará a inevitabilidade de aceitar as lacunas e a “incompletude” do trabalho, como um “horizonte inacessível”. É preciso ter a humildade de “não se saber 'tudo' a respeito de uma pessoa” e reconhecer a necessidade de “parar em algum momento” para concluir o trabalho de escrita.

Bibliografia de apoio: Paul Murray Kendall, “Andando nas fronteiras”.

Exercício: Escreva um texto reflexivo abordando as lacunas de informação encontradas durante a pesquisa e refletindo sobre a impossibilidade de esgotar o tema.


 Aula 17: O legado do biógrafo
Conteúdo: Reflexão final sobre o papel do biógrafo e a natureza incompleta do gênero. A biografia é uma aporia, um “empreendimento fadado ao fracasso”. Mas, ao narrar a história de uma vida, consegue dar a ela um “mito interior”. É um trabalho a exigir “um certo grão de loucura” e, ao mesmo tempo, a consciência de não poder ressuscitar, de fato, o seu morto.

Bibliografia de apoio: Leon Edel, “A figura debaixo do tapete”. Jean Orieux, “A arte do biógrafo”.

Exercício: Produza a primeira versão do seu perfil biográfico.

       

Aula 18: Exemplos de perfis biográficos.
Com base em textos publicados na imprensa, serão discutidos os principais elementos, recursos e possibilidades do perfil biográfico.

Bibliografia de apoio:  Seleta de perfis biográficos.

Exercício: Continue o trabalho de produção de seu perfil biográfico.


Aula 19: Discussão sobre os perfis escritos pelos alunos
Análise coletiva do andamento da produção da turma, com leitura de textos pelos próprios alunos.

Bibliografia de apoio: Segunda seleta de perfis biográficos.

Exercício: Dê o tratamento final ao seu perfil biográfico.


Aula 20: Entrega dos trabalhos finais e discussão geral sobre o resultado da pesquisa e da escrita desenvolvidas ao longo do curso.

 

 


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